ENSAIOS

Quando o verbal se esvai na motricidade – a clínica da desatenção e da hiperatividade com crianças


When the verbal skills is gone in the motor skills – the clinic of inattention and hyperactivity with children
Vera Blondina Zimmermann

RESUMO
Com base na clínica com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem e/ou hiperatividade, a autora do presente artigo discute as queixas que não se enquadram na etiologia neurológica, na deficiência mental, na psicose ou na neurose. Busca respostas na teoria psicanalítica, focando o referencial metapsicológico usado por Silvia Bleichmar nas suas investigações a respeito da constituição inicial do psiquismo, momentos em que o aparelho psíquico não está organizado o suficiente para que sejam produzidos sintomas, conforme conceito freudiano. Dessa forma, a autora situa essas patologias como “transtorno” na constituição do psiquismo, segundo abordagem teórico-clínica de Sílvia Bleichmar. Discute também os conceitos de “corpo-tubo” e de “acompanhante narcisista”, desenvolvidos por Ricardo Rodulfo, nos quadros que denomina “transtorno narcisista não psicótico” e suas implicações no diagnóstico diferencial dessa patologia via transferência, bem como os efeitos de seus dinamismos na vida escolar do sujeito.

Palavras-chave: Transtorno, Sintoma, Transferência, Dificuldades de aprendizagem, Hiperatividade.

ABSTRACT
Based on clinical practice with children who have learning difficulties and/or hyperactivity, the author of this article discusses complaints which do not fit into neurological etiology, mental deficiency, psychosis or neurosis. She looks for answers in the psychoanalytic theory, focusing on the metapsychological framework used by Silvia Bleichmar in her investigations regarding the initial constitution of the psychism, moments in which the psychic apparatus is not sufficiently organized to support him or her in symptom production, according to Freudian perspective. This way, the author situates these pathologies as “disorders” in the constitution of the psychism, according to Silvia Bleichmar’s theorethical-clinical approach. The paper also discusses the concepts of “body-tube” and “narcissistic companion”, developed by Ricardo Rodulfo, in cases called “non-psychotic narcissistic disorder” and their implications in the differential diagnosis of this pathology via transference, as well as the impact of its dynamics on the subject’s school life.


Keywords: Disorder, Symptom, Transference, Difficulties to learn, Hyperactivity.


No final da década de 1980, nos anos iniciais de meu percurso pela clínica com crianças, eu já me perguntava a respeito da etiologia de dificuldades que levam uma criança a não conseguir organizar seu corpo para aprender, mesmo quando ela não se enquadra em situações de prejuízo neurológico, deficiência mental, estruturação psicótica ou neurótica. Tratava-se de crianças cujas queixas constituíam o maior número na busca de atendimento (tanto na clínica particular como na pública), que socialmente acabavam sendo excluídas do sistema escolar, principalmente devido a problemas de conduta.

Nessa época, iniciei investigações para entender a metapsicologia das questões ligadas a essas queixas. Fui buscar respostas para as questões ligadas a um sujeito cujo corpo se apresenta disfuncional, um corpo que se "esparrama" e não consegue organizar-se no tempo e no espaço exigidos pelo sistema escolar. Essas crianças, quase sempre, eram diagnosticadas como portadoras de Disfunção Cerebral Mínima, apresentando dificuldades que, atualmente, têm sido, muitas vezes, confundidas com o quadro de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A realidade da clínica com esse tipo de dificuldades era de indicar vários tratamentos de diferentes especialidades para uma mesma criança, quase sempre realizados paralelamente: psicoterapia, psicomotricidade, psicopedagogia. No que diz respeito ao registro ético, mobilizava-me a possibilidade de estar realizando indicações terapêuticas e tratamentos não apropriados, possibilitando intervenções inadequadas, sem que fosse escutada a verdadeira questão denunciada pela criança através de seu corpo. 

Eu também acompanhava a evolução de atendimentos desses sujeitos com queixas de hiperatividade e desorganização temporal em uma clínica-escola,[1] situações em que havia impossibilidade de as famílias suportarem o encargo financeiro de atendimentos particulares. Observava que, nessa instituição pública universitária, na qual os sujeitos realizavam apenas acompanhamento psicológico, com escuta de profissionais iniciantes, ocorriam efeitos importantes na melhora do quadro.

Durante meus estudos, conheci o trabalho de Silvia Bleichmar e de Ricardo Rodulfo, cujas produções teóricas e clínicas logo provocaram grande ressonância com minhas próprias questões em relação ao tema.

No trabalho de Silvia Bleichmar, interessou-me seu percurso metapsicológico, que investigava os primeiros tempos da constituição do psiquismo e as possibilidades de intervenção sobre esses "tempos" na clínica psicanalítica, considerando o inconsciente como não dado desde as origens e tendo como referencial básico os textos freudianos e as contribuições de Laplanche. Concomitantemente, as contribuições de Rodulfo enriqueceram meus instrumentos clínicos para diagnóstico diferencial desses quadros via transferência.

Refazendo o caminho conceitual de Bleichmar, busquei entender a constituição do sujeito psíquico e a relação desse movimento de constituição com as falhas instrumentais do seu corpo, que impedem ou dificultam a aquisição de noções ligadas a tempo, espaço e linguagem e que afetam o próprio tônus. Pude entender, então, que se tratava de um sujeito com "transtorno" na constituição psíquica, conceito desenvolvido por Bleichmar (1986), que se refere às falhas responsáveis por situações de disfuncão corporal, diferente de falhas neurológicas, registros facilmente confundidos na clínica com crianças.

Responder a essas perguntas implicava em aprofundar os processos que dizem respeito aos primeiros tempos de instalação do inconsciente, antes da repressão originária, caminho percorrido por Bleichmar.

 

A constituição inicial do sujeito

 

Bleichmar (1986) revisou o conceito de neurose na infância, pressupondo um sujeito em estruturação, um inconsciente não dado desde as origens, tendo como paradigma de base a repressão originária. A autora usa este conceito enquanto proposta ordenadora para entender os tempos de estruturação do aparelho psíquico, tempos estes não genéticos, não lineares, mas em que uma gênese vai sendo percebida em um movimento sempre après-coup. Busca as formulações em Freud, no texto "O inconsciente" (1996 [1915]), em que se afirma que o recalcamento originário cria a diferença entre os sistemas psíquicos, ou seja, são separados o inconsciente do pré-consciente/consciente. Portanto, através dos efeitos do recalcamento originário é que podemos saber quando há inconsciente, para então abordá-lo analiticamente.

Retomando a teoria freudiana sobre o início da subjetivação, momento em que a cria humana se torna sujeito, Bleichmar debruça-se em um de seus primeiros textos, Projeto de uma psicologia para neurólogos (Freud, 1995 [1895]), onde ele traça sua concepção inicial sobre o aparelho psíquico, concepção que será mais bem delineada com a teorização da segunda tópica, onde o irrepresentável encontrou uma integração maior ao modelo (Freud, 1995 [1895]), segundo leitura da autora.

Embora lance mão de um modelo de aparelho neurológico, é nesse texto que Freud formula sua ideia de como se dão a circulação e o processamento da energia na cria humana. O esquema que constrói é capaz de descrever os primeiros movimentos que instauram o sujeito, as ligações que, por sua vez, originam as representações. É também nesse texto que formula o que será tomado sempre como referência pela psicanálise, ou seja, o lugar da função materna, a intersubjetividade da tópica.

Com base nessas concepções freudianas e em alguns conceitos de Laplanche, Bleichmar discute a problemática da constituição inicial do sujeito: a questão fundamental não está simplesmente na resolução do âmbito autoconservativo, pois isso não conduz ao sistema de representações desligadas da necessidade; a transformação da energia somática em psíquica advém da intrusão do outro humano dotado de inconsciente, que inunda a cria com uma energia não qualificada, não traduzida, ocasionando o traumatismo. Como teoriza Laplanche a respeito da sedução originária, os gestos autoconservativos do adulto são portadores de mensagens sexuais inconscientes para ele mesmo e incapazes de serem traduzidas pela criança (Laplanche, 1996).

A repressão originária - desses significantes intrusivos - instala-se a partir da impossibilidade de o bebê decifrar essas mensagens carregadas de sentido e desejo, ou, em outros termos, do esforço de ligar o traumático que acompanha a sedução originária.

Quando falamos de "sedução originária" no sentido teorizado por Laplanche (1996), falamos de uma situação não patológica, mas fundante do psiquismo: encontro de restos inconscientes de um adulto, restos que ele desconhece, com uma criança que busca a satisfação de suas necessidades autoconservativas, encontro a partir do qual, através do recalcamento originário, se instauram a pulsão e, consequentemente, o inconsciente, a tópica psíquica e a abertura de relações de conflito intrapsíquico e possibilidades de troca entre os sistemas.  

Segundo essa perspectiva, o representante pulsional é a marca mnêmica da sexualidade pulsante materna. No autoerotismo, primeiro tempo dos possíveis e posteriores caminhos dessa pulsão, ainda não existe "uma unidade comparável ao ego" (Freud, 1996 [1914]), um sujeito capaz de amar. As pulsões se satisfazem independentemente umas das outras: são inscrições indiciais nos múltiplos signos de percepção ligados às experiências de satisfação e de dor.

A passagem do autoerotismo ao narcisismo ocorre a partir das ligações que a mãe propicia, frente à disrupção que a sua sexualidade instala no bebê. Faz-se necessário, então, como afirma Bleichmar, diferenciar o inconsciente materno do narcisismo materno:

 

[...] a origem da sexualidade humana não se instaura a partir da articulação significante, da linguagem, instalada no psiquismo materno, mas sim, precisamente do lado do inconsciente, das representações-coisa que circulam por meio dos modos do processo primário e dos investimentos massivos do autoerotismo reprimido. (Bleichmar, 1993, p. 48)

 

Portanto, os pré-requisitos de ligação dessa energia sexual originária encontram-se no funcionamento do narcisismo materno, diferenciados do autoerotismo, objetificando-se em uma comunicação que transvasa, dando possibilidades ao bebê de ingressar em um horizonte saturante da castração. Nesse sentido, Bleichmar comenta:

 

[...] a origem do inconsciente é exógena, mas de uma exogeneidade que deve ser concebida não como simples exterioridade, mas como estrangeiro (étrangeté). Nesta diferença entre a exterioridade (perceptual, familiar ou, simplesmente, do meio externo) e o estranho do outro radica o aporte absolutamente original de Jean Laplanche, porque se trata de uma exterioridade que marca os começos da vida psíquica como excitante e traumática e define para sempre as relações do sujeito com o mundo. (Bleichmar, 1996, p. 15)

 

Estes destinos da intrusão do sexual, excitações que devem ser inibidas ou ligadas, são tarefas do ego. Antes da repressão originária, esses destinos devem encontrar resoluções através de conexões que são modos defensivos precoces. O movimento, a passagem do âmbito do autoconservativo ao sexual, do corpo da necessidade para o corpo pulsional, é o que instala a pulsão, e que será "o verdadeiro motor do progresso psíquico". Seus movimentos definirão a constituição do sujeito.

Partindo desses conceitos, Bleichmar apresenta duas conclusões que irão fundamentar todas as suas investigações sobre a fundação do inconsciente:

 

[...] em primeiro lugar, que o ego não se constitui no vazio, senão sobre a base das ligações prévias entre sistemas de representações preexistentes; e que estas ligações consistem, de início, em investimentos colaterais (da maneira como o descrevemos com o conjunto de manobras amorosas que acompanham os cuidados primários com os quais a mãe efraciona no real do bebê as zonas erógenas primárias, oral e anal). Em segundo lugar, que no começo da vida este ego que produz inibições e propicia ligações do decurso excitatório não está no sujeito inicial senão no semelhante humano, e só a partir desta perspectiva é que se pode falar, retomando uma expressão que caiu em descrédito nos últimos anos - e com justiça -, de um "ego auxiliar materno", no qual não provê somente os recursos para a vida senão que inscreve, de início, estes recursos em sua potencialidade de "pulsão de vida", ou seja, de ordenamento ligador propiciatório de uma articulação da tendência regulada a descarga. (Bleichmar, 1993, p. 49)

 

Quando ocorrem falhas nesse processo, segundo Bleichmar, estas podem estar do lado das constelações narcísicas, no caso da estrutura da mãe, que a incapacitam para funcionar enquanto objeto narcisizante, ou podem ser circunstanciais, como nos casos de depressão, quando a libido é retirada temporariamente.

Às vezes, é possível realizar as funções sexualizantes primárias, que permitem a instalação da pulsão, propiciando os investimentos necessários à constituição de uma zona de excitação, porém, sem constituir-se em um objeto amoroso: o olhar materno, centrado de forma autoerótica em uma parte do corpo do bebê, não verá a totalidade do mesmo, sobre a qual seria possível instalar-se uma representação da totalidade do corpo, posteriormente inscrita pelo ego. Portanto, haveria aqui um desencadeamento de energia traumática sexualizante, sem que houvesse vias de acesso regidas pelo princípio de prazer para derivá-la. Também não haveria construção de investimentos colaterais através de gestos e carícias, que possibilitariam ao bebê o desenvolvimento da alucinação primitiva do objeto indiciático: a partir disso, o bebê não diminui sua tensão endógena, agarrando-se ao objeto que nunca lhe propicia alívio, mesmo resolvendo a questão da autoconservação. Dessa forma, haverá um déficit na narcisização primária.

Esse desprazer tenderá a repetir-se, conforme coloca Freud em "Mais além do princípio do prazer" (1996 [1923]), em uma compulsão de repetição traumática que retorna, porque não conseguiu vias de ligação. Usando as concepções de Freud nesse texto e as de Laplanche com a sua teoria da sedução generalizada, Bleichmar afirma que as pulsões sexuais de morte funcionariam segundo o princípio de energia livre (princípio zero), sendo sua meta a descarga total, cujo preço é a aniquilação do objeto. A compulsão traumática deveria sua existência tanto à impossibilidade de ligar-se a uma significação como de descarregar-se: origina-se, assim, a repetição traumática a que está submetido um aparato psíquico incipiente. Nessa tentativa de simbolização, algo permanece irrepresentável, e é este algo que deve ser reprimido, ficando fora da significação.

Bleichmar toma de Laplanche a concepção de pulsão (1993, p. 40), considerando que tenha surgido em um tempo anterior à ocorrência do ataque produzido pela estimulação exercida, desde o interior, pelo ego, pelas representações-coisa reprimidas. Sua operância produz movimentos evacuativos antes mesmo de a repressão instalá-la no inconsciente. O destino dos remanescentes excitatórios deverá ser sua transformação em possibilidades de conexões e derivações que constituiriam modos defensivos precoces.

Pensando em um bebê que apresente falhas em um processo inicial, o que acontecerá se não for instalada uma possibilidade efetiva de processar-se a repressão originária que ordena e estrutura os sistemas psíquicos? Essas inscrições originárias sexualizantes permanecerão não sepultadas, nem enlaçadas em significações possíveis, retornando de formas irrepresentáveis, como restos que ficam impossibilitados de significação, e que  acabam por se traduzir no que a autora chama de "transtorno" na constituição psíquica.

 

O sujeito do "transtorno", o corpo e a aprendizagem

 

Nessa linha de raciocínio metapsicológico, uma hiperatividade e/ou desorganização de funções corporais pode estar indicando a existência de uma energia não ligada de forma que possa ser sustentada por uma significação. Falhas no recalcamento originário dificultam a separação da carga da representação, o que leva ao ato, em vez da separação entre ato e discurso.

O "transtorno" impede ou dificulta que o sujeito se estruture em um segundo tempo de sexualidade, pois apresenta perturbações na instalação da tópica psíquica que o limitam na organização de tempo e espaço e dos processos da lógica e do juízo. São falhas dos mecanismos básicos da constituição do aparelho psíquico, que permanece aberto, não organizado pela repressão originária, ou seja, os estímulos exteriores penetram e não encontram sistemas de escoamento organizado para a energia que transportam. Os efeitos no sujeito psíquico mostram-se como impossibilidades ou dificuldades em armar totalidades de significações, desarticulando as aquisições iniciais das categorias de tempo, espaço e da lógica, instrumentos necessários para a organização de uma realidade externa.

Dessa forma, entendemos poder pensar aspectos de pacientes com queixas de problemas de aprendizagem: hiperatividade e disfunções corporais ligadas à angústia disruptiva, não enlaçada adequadamente em significações que possam lhe dar uma ordenação, e não sustentada pelas representações-palavras.

 Ao contrário, quando se fala em sintomas, pressupõe-se um aparelho psíquico que já organiza as percepções, onde há formações inconscientes que fazem funcionar a repressão originária, ordenando significações. Um inconsciente formado em extratos diferenciados e pensado em termos de economia libidinal pressupõe um sistema de trocas entre os sistemas psíquicos instalados. A produção de sintomas nesse aparelho psíquico já diferenciado acusa falhas nas defesas organizadas, desequilíbrio nesse processo de economia libidinal, ou seja, uma tentativa substituta da repressão, visando manter a ordenação das significações nesses extratos.

Bleichmar ressalta que, se todo sintoma se manifesta como um signo, nem todo signo é um sintoma. Segundo a autora, embora essa afirmação possa parecer trivial, elucida muito da clínica infantil, onde muitos signos, manifestações da conduta infantil, não podem ser entendidos como sintomas no sentido psicanalítico, ou seja, como representação direta ou figurada de uma ideia ou conflito, de um desejo inconsciente.

Pode acontecer de o aparelho psíquico não ter constituído as ligações necessárias para que o discurso do outro ingresse como representação-palavra, e que esse ingresso se dê em termos de representação-coisa, o que nos faria compreender por que a criança apresenta respostas apenas na motricidade. Poderiam então ser descritos como significantes que ingressam no aparato e disparam sistemas representacionais, produzindo passagem à motricidade, já que o aparelho psíquico não tem condições de processar aquelas questões. São exatamente estas as situações que Bleichmar denomina de transtorno na constituição psíquica.

O conceito de recalcamento originário, que ela passa a denominar de repressão originária,[2]  permite verificar a dominância estrutural no sujeito, pois é possível haver uma fratura em algum ponto, sem que isso leve, necessariamente, a diagnosticar uma estrutura que nela se baseie. Nessa perspectiva, podemos pensar em uma neogênese enquanto efeitos de tratamento, ou seja, em uma recomposição, diferente da abordagem de análise com neuróticos. Assim, a infância poderia ser concebida como um momento em que os representantes pulsionais se inscrevem, são recalcados e encontram seus destinos. Nos casos em que o sujeito apresenta fraturas nesse recalcamento, tais representantes pulsionais não chegam a se organizar enquanto sintomas no sentido psicanalítico, mas, conforme definição da autora, organizam-se como "transtornos".

A criança com "transtorno" desloca-se constantemente de um lado para o outro e, quando sentada, parece apoiar-se sobre "espinhos", que não lhe permitem pensar. Acaba atrapalhando também a atenção dos colegas, o que, aos poucos, irá justificar sua exclusão da sala de aula.

As fraturas no entramado de base tornam o corpo incapaz de sair de cena, de deixar as representações-palavras operarem com eficácia no circuito pulsional. O nível de heterogeneidade da organização psíquica desse sujeito encontra uma enorme dificuldade para que ele avance na direção da definição da estrutura edípica de chegada.

Rodulfo, por sua vez, conceitua o "transtorno narcisista não psicótico" para contemplar a complexidade de alguns quadros clínicos que se recusam a ser entendidos pela psicopatologia tradicional. Nas suas palavras: "a psicanálise não foi inventada para este tipo de pacientes. [...] a psicanálise está classicamente acostumada a trabalhar no plano da significação, o que precisamente aqui não serve" (Rodulfo, 1995, p. 24-25).

Para situar esse conceito, Rodulfo (1995) nos fala de um sujeito cujo corpo se esparrama, como uma superfície contínua com dificuldade de "vertebração", expressão da continuidade de seu aparato inicial, não organizado adequadamente pela repressão originária. Trata-se de um "corpo-tubo",[3] mas não fragmentado - corpo não organizado, corpo que se esparrama como uma garatuja, mas já com diferenciação entre o eu e o não eu - um corpo que nos remete à imagem do sujeito da sexualidade polimorfa de Freud, da qual emergirão as diferenças sexuais, mas que, nesse dado momento, ainda são indiscriminadas. Nesse corpo, as informações penetram, mas não conseguem se enlaçar em uma organização inicial. Pensando nesse fenômeno em termos freudianos, poderíamos dizer que um pré-consciente pouco estruturado impede que os estímulos que ingressam no organismo se enlacem em representações-palavras e sustentem uma derivação sublimatória. As associações escoam pelo corpo.

Falamos, segundo o autor, de um corpo que se distingue do corpo no autismo, onde ocorre uma impossibilidade de habitar o corpo e de escutá-lo, muitas vezes até na dor; do corpo na psicose, no qual predomina a fragmentação, que não possibilita a organização de uma demanda e onde o sujeito apenas emerge de um modo incipiente na formação delirante; do corpo do neurótico, que tem acesso à representação-palavra e funciona como instrumento metafórico de suas significações.

Nesse sentido, entendo que as disfunções corporais que impedem a criança de usar o corpo para se alfabetizar, por exemplo, pode estar falando de uma etiologia ligada ao "transtorno" na constituição psíquica: o corpo não está fragmentado, mas tampouco se encontra suficientemente organizado para ser um instrumento metafórico, para que o sujeito possa se inscrever através dele. Apresenta falhas na elaboração de funções indispensáveis para sua organização como instrumento, ou seja, pode ser descrito como um corpo onde as informações penetram, mas apenas para escoar, sem a possibilidade de uma adequada organização. Muitas vezes, falamos de um corpo ainda não habitado por um sujeito que se pergunte sobre si mesmo.

 

O "transtorno": diagnóstico diferencial e transferência

 

Um diferencial importante a ser feito diz respeito aos quadros de inibição da curiosidade intelectual, que tanto pode ser efeito de fraturas nas origens do impulso epistemofílico como um empobrecimento funcional, efeito de contracarga do ego, esta última ligada a uma produção de repressão neurótica e a primeira, aos movimentos iniciais, em que ainda não se instalou a diferenciação, efeito da repressão originária. Essa diferenciação é muito importante na clínica dos problemas de aprendizagem, pois estabelece diferentes abordagens na condução da técnica: a inibição neurótica convoca ao trabalho de desconstrução, ao passo que a não instalação da curiosidade intelectual, enquanto possibilidade de surgimento da angústia, convoca ao trabalho de fazer emergir um sujeito, situação que predomina nos casos que estamos focando neste trabalho.

É desse fracasso inicial que surgem as questões ligadas ao empobrecimento da capacidade de metaforizar, às dificuldades cognitivas para entender palavras de duplo sentido e chistes, enfim, o comprometimento da capacidade de simbolização. Todos esses processos não devem ser equiparados ao desconhecimento, entendido como negação, defesa neurótica, mas trata-se de um não ingresso na diferença.

É também essa diferenciação que se encontra nas origens da organização da lógica e do juízo. Desconhecer, enquanto mecanismo neurótico, já implica em se ter sofrido o efeito da repressão dos significantes pulsionais, enquanto resíduos do vínculo sexualizante das origens.

Dessa forma, também é possível diferenciar, em termos clínicos, as dificuldades de memória, tão comuns nas queixas de aprendizagem. O sujeito neurótico pode apresentar repressão de significantes cujo aparecimento na consciência desencadeariam angústia; as dificuldades de memória também podem dever-se a falhas na origem da instalação da tópica, traduzindo-se por lacunas nas ligações entre as significações. O primeiro fenômeno é resultante de não poder lembrar e o segundo, de não ter nada organizado, ou seja, da ausência de marcas mnêmicas enlaçadas segundo o modo de organização do pré-consciente.

Em relação às patologias da memória, Rodulfo discrimina as categorias de "vazio" e "buraco", para situar o último como próprio dos quadros psicóticos. Situa o sujeito do transtorno narcisista não psicótico como portador da "memória como lacuna", ou seja, a ideia de uma "memória vazia". Diz Rodulfo: "o paciente declara não pensar em nada ou sentir-se vazio, que não é igual a tristeza" (1995, p. 39), tristeza subentendida aqui como sintoma depressivo neurótico.

Segundo esse autor, falamos então de um corpo-tubo, que funciona deixando entrar as informações, mas com dificuldades para realizar metamorfoses com esses materiais novos, deixando-os escoarem, fracassando na função de estabelecer nexos com o que já aprendeu. Porém, o autor entende que, diferentemente dos problemas mais graves, como nos quadros psicóticos, nos quais o vazio retorna por meio de produções alucinatórias e delirantes, no quadro do transtorno há uma certa reversibilidade, característica que explica por meio do depoimento de uma mãe desse tipo de paciente: "Se nós estamos juntos ele tem vontade de brincar, ou pode fazer as tarefas da aula; porém, se não estamos, não pode fazê-lo e nem consegue brincar" (Rodulfo, 1995, p. 39-41).

Dessa forma, o corpo do outro funciona como um "acompanhante narcisista", segundo expressão de Rodulfo (1995, p. 42), encarregado de organizar os quadros corporais e temporo-espaciais, e não como aplacador de angústia. Em termos de aprendizagem escolar, isso repercute em um melhor desempenho quando o aluno fica perto da professora ou dispõe de alguém para ficar ao seu lado enquanto executa suas tarefas.[4] Sem o olhar do outro, o sujeito cai facilmente no descontrole motor, o que muitas vezes pode tomar a aparência de hipercinesia.

Uma importante questão a ser levantada quando consideramos as patologias que envolvem a noção de temporalidade é que o vazio da não constituição do sujeito irá impedi-lo de organizar séries temporais. Quanto mais próximo nos encontrarmos do funcionamento primitivo do aparato, mais prevalecerá a função de "borrão" (Freud, 1996 [1924]) sobre a função de registrar, mesmo que estejamos nos referindo a registros precoces fortes. As repetições desse tipo de fatos não indicarão o surgimento do reprimido, mas sim a impossibilidade da repressão.

Essa ideia coloca novamente na gênese do espaço e do tempo a relação primordial do sujeito com a figura materna. Enquanto o sujeito não possui uma autonomia corporal, é a figura materna que assume a organização desse tempo, sendo que o tempo objetivo aparecerá, posteriormente, como prolongação e transformação do tempo inscrito no corpo. São esses efeitos que se presentificarão em transferência: predomina nos materiais clínicos um pedido de presentificação do corpo e, principalmente, do olhar do terapeuta.

Esse sujeito que investigamos não estabelece transferência a partir de uma representação integrada de um objeto inconscientemente investido. Demanda o olhar do outro e ainda precisa do corpo concreto do analista para sentir-se existindo: o corpo do outro é a garantia da presença de si mesmo enquanto sujeito. Em muitas crianças, esse pedido chega a tal grau de exigência que nos lembra as modalidades amorosas marcadas pela fantasia de devorar e incorporar o objeto, descritas por Freud (1996 [1905]) quando nos fala das etapas da organização pré-genital. Há uma tentativa de dominar o objeto, sem temor de danificá-lo, situações que deixam o analista exausto após uma sessão, sem que tenha como causa o excesso de movimentação física, mas sim a exigência pulsional desses estados pré-genitais.

 As crianças que se apresentam com falhas na repressão originária e, com isso, trazem em seu corpo efeitos de desorganização falam de um momento de organização psíquica em que a possibilidade de ter um rosto ainda depende do rosto do outro.

Porém, o diagnóstico diferencial é fundamental: o pedido de olhar desses sujeitos crianças não é o mesmo pedido feito pela criança psicótica, na qual ocorrem pictogramas de sensação e necessidade de toque corporal. Segundo Rodulfo (1995, p. 26), as crianças com formações do tipo melancólico ficam permanentemente aderidas e nunca terminam de se inscrever; buscam o corpo do analista como uma segunda pele, em um predomínio de simbiose. No transtorno narcisista não psicótico, trata-se de um pedido de olhar que especulariza, portanto, a cena transferencial é outra, apesar de precisarmos enfrentar a tirania de um corpo real e de termos de retirá-lo da cena.

Também não se trata de uma busca de olhar da estrutura neurótica, com formações histéricas a serviço da sedução e do exibicionismo, que busca o olhar de aprovação e admiração do analista, mas que já é portadora de um enigma inconsciente e, por isso, tenta disfarçar e esconder seu desejo. Esse pedido de olhar deve ser recusado pelo analista.

Outro diferencial importante é com os quadros fóbicos, em que o corpo do outro funciona como aplacamento e evitação da angústia de perder-se; na fobia, o afastamento do outro gera desespero, mas no sujeito do "transtorno" significa perder o referencial, quase sempre via agitação e desatenção. Pode-se pensar o mesmo em relação às noções de tempo e espaço: um "perder-se" fazendo emergir a angústia, ou um deambular que traduz um sentido através da busca de uma determinada direção ou espaço, fala-nos de um sintoma que pode ser desvelado. Um "perder-se" ou um deambular sem angústia, sem determinado sentido, fala-nos, ao contrário, de uma organização não adequada da repressão originária, o que impede, consequentemente, um desenvolvimento da temporalidade regida por processos secundários.

Nessas situações, a partir de uma cena de "jogo" em transferência - subentendido aqui como a possibilidade de estabelecimento de comunicação - criam-se condições para que o sujeito coloque em cena pedaços desconectados de sua história. Seu corpo desorganizado na cena, representando os efeitos da sua desarticulação significante enquanto sujeito, move-se na direção do corpo do outro. Assim, nesta cena, em que os corpos desempenham uma função de figura principal, instala-se uma possibilidade de articulação de simbolizações faltantes na história do sujeito, articulações não necessariamente ligadas ao registro verbal[5] enquanto sentido intencional da palavra, mas ressoantes de todos os sentidos que elas contêm, quando proferidas.

É nesse sentido que nos referimos ao que parece ser uma necessidade da criança de que o corpo do analista funcione como presentificação de sua existência enquanto sujeito. Assim, nesse ato de desenhar com o analista, ou mesmo só realizar qualquer outra atividade, desprende-se da criança uma visível satisfação por estar sendo acompanhada, independentemente dos resultados de sua produção.

Muitas vezes, ela esboça um início de instalação de regra no jogo, estipulando, por exemplo, uma contagem de pontos ou qualquer outro limite. Mas, logo que a atividade começa a se desenvolver, essa tênue intenção se desvanece; isso ocorre não por seus impedimentos cognitivos ou neurológicos com respeito às categorias de temporalidade e espacialidade, mas porque ela ainda se encontra presa, se nos referirmos ao seu momento no processo de constituição como sujeito, em um tempo anterior àquele que lhe possibilitaria colocar-se em uma ordem quantitativa, em um espaço definido. Sua busca visa apenas sentir-se existindo, mesmo funcionando corporalmente como um grande magma que se esparrama, como uma superfície contínua, para usar as palavras de Rodulfo (1995, p. 39). É nesse "tomar emprestado o corpo do outro" (Rodulfo, 1995, p. 40), em um pedido de ordenação de sua experiência, que se abrem possibilidades para que se organizem as significações faltantes. Em vez de enigmas, elas produzem associações por contiguidade, com dificuldades para se desprender das características concretas das sensações iniciais. Estão impedidas de metaforizar o aspecto traumático sofrido nessas vivências e, consequentemente, não conseguem organizar a experiência para um relato segundo as leis da lógica do tempo e do espaço produzidas pelo discurso neurótico.

Com o sujeito do transtorno, urge ficar "à sua disposição" de uma forma diferente daquela onde basta dispormos de uma escuta atenta ao sentido das palavras. Toda a situação funciona como se ele fosse extraindo pedaços de nosso corpo, e, na maioria das vezes, não podemos ter clareza quanto aos aspectos de nossos atos e/ou palavras que produziram sobre ele certos efeitos. Entendo que é por isso que verifiquei, ao longo de anos como supervisora de estagiários de Psicologia Clínica e de colegas iniciantes, cuja tarefa era aprender a escutar o paciente, antes de preocupar-se com maiores entendimentos teórico-clinicos, que essas escutas também produziam efeitos nesse tipo de patologia. Os profissionais iniciantes possuem, antes de um saber organizado, uma grande disponibilidade para escutar e entender, aspecto primordial nesse tipo de clínica. Os efeitos não estão sempre ligados ao conteúdo das palavras, mas sim à forma como elas são ditas, quer revelando um afeto, quer marcando um momento de limite no tempo e no espaço da cena. A voz, com todas as suas possibilidades de registro, é produtora de efeitos, e não somente o conteúdo do discurso falado.

Essa situação clinica também pode nos remeter à ideia de jogo proposta via o "Jogo do Rabisco", de Winnicott (2023 [1971]): uma possibilidade de fazer emergir uma significação, uma produção inicial do sujeito na qual o que importa é o traço, antes da forma.

Desarticulado o saber do analista, aumentam as possibilidades de produção de efeitos. Compara-se a situação ao momento inicial pós-nascimento, em que a figura materna tenta identificar o que quer seu bebê e do que ele precisa. Esse processo de historização, que Bleichmar (1993) caracteriza como a gradativa estruturação de um modo significante dos fatos inscritos, ainda segundo essa autora, não passa necessariamente pelo campo da palavra: são trocas que se estabelecem através da voz, de sorrisos, olhares, modulações afetivas diversas que vão tingindo a cena de diversas significações. Assim, a figura do analista vai, através de ações e/ou palavras intencionais ou não, fazendo próteses, produzindo significações em representações-coisas, possibilitando que essas sensações traumáticas primitivas, esses excessos de quantum pulsional possam derivar-se para uma instância capaz de produzir efeitos de significação.

Seria esse pedido uma busca de preenchimento de uma função materna inicial que falhou? A compulsão à repetição poderia ser definida como uma busca de olhar significante? Sabemos ser impossível recriar aquilo que faltou em um determinado momento da vida do sujeito, mas, como analistas, segundo Bleichmar, podemos ajudar no estabelecimento de significações do ocorrido, o que produz efeitos de recomposição do passado por après-coup, no presente.

A compulsão à repetição estaria situada justamente nesse corpo desconectado de espaço e tempo objetivos, que repete um estado de não organização e, ao mesmo tempo, constitui uma busca do corpo do outro, sem que se articule uma pergunta metafórica para o analista.

A impossibilidade de se apresentar com enigmas pode produzir em nós, analistas, uma contratransferência do tipo "não estou fazendo nada" e, o que é pior, pensá-lo como portador de disfunção neurológica, favorecendo, dessa forma, o tamponamento de sua subjetividade, que ainda não se organizou suficientemente nos registros do secundário, mas que, se tamponada na infância, poderá estimular a irrupção de quadros mais graves na adolescência.[6]

Enfim, organizar uma cena transferencial onde um sujeito do transtorno possa produzir seus enigmas é ajudá-lo a passar pelo processo em que ele se inscreverá através dos movimentos de seu corpo e a partir do nosso, até que, aos poucos, a concretude possa ser deixada de lado. Antes de tudo, é uma tarefa que exige a capacidade de sustentar uma duplicidade frente a esse sujeito: a possibilidade de poder misturar-se e diferenciar-se. Sem pânico de "perder-se", nem desagrado de "emprestar-se" temporariamente.



 


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ano - Nº 6 - 2024
publicação: 12-12-2024
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Autor(es)
• Vera Blondina Zimmermann
Departamentos de Psicanálise e de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae

Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise e do Departamento de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae. Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Professora afiliada e coordenadora do Núcleo de Bebês de Risco em Saúde Mental do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo. Publicações: www.verabzimmermann.com.br. E-mail: vera@verabzimmermann.com.br

Notas

 

[1] Este texto foi ampliado e modificado com base no artigo “O conceito de transtorno e sua atualidade na clínica com crianças”, publicado no Boletim do Grupo de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae feito em homenagem a Sílvia Bleichmar, por ocasião de seu falecimento, em 2008.

[2]  Pacientes atendidos na Clínica-Escola da Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS; atualmente, pacientes do CRIA (Centro de Referência da Infância e Adolescência da UNIFESP/Escola Paulista de Medicina).

[3] Bleichmar diz usar o termo "repressão originária", em vez de "primária" ou "primordial", não apenas para marcar que ela se encontra  antes da secundária, nem apenas aquilo que está desde o começo, mas aquilo que funda, dá origem ao inconsciente (Comentário feito por ocasião do lançamento de seu primeiro livro pela Editora Artes Médicas, em Porto Alegre, 24/05/93).

[4] O conceito de "corpo-tubo" também é trabalhado por Marisa Rodulfo em sua obra El niño del dibujo - Estudio psicoanalítico del grafismo y sus funciones en la construcción temprana del cuerpo (Buenos Aires: Paidós, 1992), nos capítulos 4 e 5.

[5] No livro Singularidade na inclusão - Estratégias e resultados, publicado em 2007 pela Pulso Editorial, de São José dos Campos, do qual sou coautora, discutem-se alternativas inclusivas para esse tipo de aluno, entre elas a "tutoria".

[6] É no livro Fundación del Inconsciente que Silvia Bleichmar fundamenta a teoria e a técnica deste trabalho de articulação de significações faltantes, ao qual denomina de neogênese, de recomposição.

[6] Em meu trabalho intitulado Adolescentes estados-limite - A instituição como aprendiz de historiador, publicado pela Editora Escuta, em 2007, discuto esta problemática e suas repercussões na adolescência.


 

Referências bibliográficas

BLEICHMAR, S. En los orígenes del sujeto psíquico. Buenos Aires: Amorrortu, 1986.

BLEICHMAR, S. La fundación de lo inconsciente - Destinos de pulsión, destinos del sujeto. Buenos Aires: Amorrortu, 1993.

BLEICHMAR, S. O intraduzível da mensagem do outro. Projecto - Revista de Psicanálise, Porto Alegre, ano 5, n. 6, 1996.

FREUD, S. (1895). Projeto de uma psicologia para neurólogos. Rio de Janeiro: Imago, 1995.

FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. VII.

FREUD, S. (1914). Sobre o narcisismo: Uma introdução. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. XIV.

FREUD, S. (1915). O inconsciente. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago,1996. v. XIV.

FREUD, S. (1923). Mais além do princípio do prazer. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. XVIII.

FREUD, S. (1924). Uma nota sobre o "bloco mágico". In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. XIX.

LAPLANCHE, J. La prioridad del otro en psicoanálisis. Buenos Aires: Amorrortu, 1996.

RODULFO, M. El niño del dibujo - Estudio psicoanalítico del grafismo y sus funciones en la construcción temprana del cuerpo. Buenos Aires: Paidós, 1992.

RODULFO, R. Transtornos narcisistas nos psicóticos. Buenos Aires: Paidós,1995.

WINNICOTT, D. W. (1971). Consultas terapêuticas em psiquiatria infantil. São Paulo: Ubu, 2023.

ZIMMERMANN, V. B. Adolescentes estados-limite - A instituição como aprendiz de historiador. São Paulo: Escuta, 2007.

 

 


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