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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    15 Dezembro de 2010  
 
 
NOTÍCIAS DO DEPARTAMENTO

Formação: a Psicanálise poder ser ensinada?
Fala de abertura


MAÍRA FERREIRA (1)


Nos dias 1 e 2 de outubro de 2010 foi realizado o 7º Colóquio Interno de Monografias do Curso de Psicanálise. A comissão organizadora, composta por professores e alunos, contou com a presença de Daniele Salfatis (aluna do 3º ano), Flávio Carvalho Ferraz, Maíra Ferreira (aluna 2º ano), Mara Caffé, Maria Beatriz Vannuchi, Maria Cecília Galletti (aluna do 3° ano), Moisés Rodrigues, Nelson da Silva Júnior e Viviane Hercowitz (aluna do 3º ano).

Esta composição mista da comissão teve um resultado bastante profícuo, não tendo se limitado à organização do evento especificamente. Junto aos professores, os alunos da comissão participaram da mesa de abertura e da coordenação de algumas mesas-redondas. Além disso, alguns professores do Curso foram convidados a coordenar as mesas de acordo com os temas em debate. E os professores da comissão se encarregaram de fomentar a discussão e manter a organização de todo o evento.

O primeiro dia do Colóquio contou com uma fala de abertura, realizada no auditório do Instituto Sedes Sapientiae, intitulada "A prática do compartilhar a psicanálise". Em seguida, nas salas de aula, ocorreram três diferentes mesas-redondas com os temas: Cinema e literatura; Sonho e contra-transferência; Édipo e família. No segundo dia, ocorreram seis mesas-redondas, três no primeiro horário da manhã e três no segundo horário da manhã. Os temas foram, respectivamente: Luto; Édipo e gênero; Psicanálise e cultura e - após o café - Compulsões; Transferências; Psicanálise e biologia. No total, foram nove mesas-redondas com a apresentação de vinte e cinco trabalhos.

Assim, uma vez que a organização e a execução do Colóquio foram bem sucedidas, gostaríamos de noticiar o ocorrido, dando ênfase ao seu aspecto formativo e à importância crescente que isso vem adquirindo no contexto do Curso.

O termo alemão Bildung - que pode ser traduzido para o português como formação, educação, cultura e/ou constituição - pode designar também algo como a "formação como processo". No romance Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe, o jovem aprende especialmente uma coisa: "formar-se". Assim, se Bildung é formação prática, formação de si pela formação das coisas, talvez "psicanalisar" também o seja. Neste sentido, é possível afirmar que a experiência do Colóquio foi a de "aprender a formar-se analista".

A "transmissão" e a "apropriação da psicanálise" poderiam esboçar a resposta da pergunta-título deste informe. A posição dos psicanalistas professores e dos alunos, "aspirantes à formação", foi bastante importante para a concretização do trabalho percorrido nos dois dias do Colóquio. Os professores se mostraram muito respeitosos e sérios. Delicados em suas colocações, admirados em suas escutas e até orgulhosos nas suas expressões. E sim, bastante inclinados ao aprofundamento do debate. Era nítido o esforço em costurar os trabalhos e temas apresentados, em contribuir com seus pensamentos e questões e, ainda, em tecer títulos poéticos e metafóricos às "mesas-redondas". Por outro lado, os alunos, ansiosos pelo encontro com os colegas e professores de todos os anos, investiram na circulação e debate teórico-clínico da psicanálise. Reforçaram o vínculo institucional e confirmaram interesse e respeito por um espaço coletivo de troca e crescimento.

A meu ver, o Colóquio confirmou: os psicanalistas professores estão transmitindo seus conhecimentos e os alunos, psicanalistas "aspirantes à formação", estão se apropriando e reinventando-o diante de suas clínicas. O ambiente foi mesmo solidário. Apropriar-se da psicanálise parece ser o grande desafio para cada aluno, "analista em formação". Em suma, o evento propiciou o compartilhamento, conotando aprimoramento e engrandecimento ao curso. O convite está anunciado: a formação é contínua, árdua, instigante, solitária e coletiva.

Por fim, sobre os conteúdos das monografias apresentadas, destaca-se a emergência de uma clínica contemporânea e a relevância que tem, para os alunos "aspirantes à formação", compartilhar tal temática com os analistas professores para, juntos e com seus repertórios pessoais e variados, renovarem, recriarem e atualizarem a psicanálise brasileira.


(1) Psicanalista, mestre em Educação e Psicanálise pela FE/USP e aluna do 2º ano do curso de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.




 
 
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