As modalidades de recepção do pensamento freudiano no discurso da sociedade judia da Palestina Britânica — e, depois, de Israel — foram
múltiplas, diversas… e inclusive inauditas. As da prática da psicanálise e da formação, também. Foram essencialmente as indagações surgidas nos campos da educação e do trabalho social com crianças e adolescentes marginais e imigrantes que guiaram os primeiros passos do movimento
freudiano na Palestina Britânica, e nos primeiros anos decorridos após a fundação do Estado de Israel. Via Regia da psicanálise no país, foi efetivamente no campo da educação que um punhado de psicanalistas, que escaparam do terror nazista na Europa, soube colocar sua escuta — bem como sua ampla experiência pessoal — a serviço de milhares de crianças em apuros; dos seus pais; e, em particular, dos funcionários das instituições que as acolheram. Entre elas, comunidades agrícolas socialistas: os kibutzim. Apresentaremos brevemente as obras pioneiras e singulares das figuras cruciais para o desenvolvimento do freudismo na Palestina — e, depois, em Israel —, particularmente no campo da psicanálise com crianças, tais como Moshe Wulff, Max Eitingon, Josef Friedjung e Fanny Lowtzky.
Comentaremos, ademais, a respeito das diferentes orientações que cada um desses distintos freudianos deu à formação de candidatos a psicanalista em
Jerusalém, Tel Aviv e Haifa, e à dos chamados “pedagogos-analistas”; e discutiremos também os graves conflitos que os dividiram, e que levaram a jovem Sociedade Psicanalítica de Israel a uma crise que só depois de muitos anos ela foi capaz de superar. Sedes Sapientiae 02-10-2019