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INFORMATIVO ONLINE SOBRE AS ATIVIDADES DO DEPARTAMENTO
PSICANÁLISE COM CRIANÇAS DO INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE

 
ANO VIII | Número 15 | edição agosto a dezembro de 2021  
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Um pouco de história

   

 

Para contar a história do Departamento Psicanálise com Crianças, temos que remontar aos primeiros tempos do curso de Psicanálise da Criança, que precede a criação desse departamento – e que precede também a fundação do Instituto. Importante lembrar que, em seus primórdios, esse curso parecia-se muito pouco com o que ele é hoje, tendo levado algumas décadas para tomar sua forma atual.

O curso surgiu da necessidade de formação em Psicologia, no momento em que a profissão ainda não era regulamentada, não existindo cursos oficiais de psicologia na universidade. Fundou-se pioneiramente uma clínica dentro da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, da Pontifícia Universidade Católica, oferecendo este curso como formação para quem quisesse se especializar em psicologia clínica. Chamava-se “Curso de Psicodinâmica”, abrangendo três áreas (Criança, Adolescente e Adulto). Dirigido a médicos e pedagogos, tinha 2 anos de duração e o diploma de especialização em psicologia clínica, oferecido aos alunos que completassem o curso, era reconhecido pelo MEC. Só mais tarde PUC-SP e USP oferecem o curso regular de psicologia, inicialmente em caráter não oficial.

Na década de 70 já havia a carreira de psicólogo oficializada e, neste momento, o curso de graduação ficou a cargo da PUC, o que deixa espaço livre para a organização do Instituto Sedes Sapientiae, enquanto centro de especialização. Três professores deste curso, naquele momento, fizeram parte da primeira diretoria do Sedes: Haim Grunspun, Consuelo de Assis Carvalho e Cida Dória. O Instituto tinha como finalidade dar espaço a iniciativas que tivessem como o objetivo o desenvolvimento social.

Com a fundação do Instituto, o curso de Psicodinâmica Infantil configurou-se como curso livre (desconectado do MEC) e foi organizado de forma a englobar 3 áreas: Terapia Infantil, Grupos e Orientação Familiar.

Neste momento o curso tinha como preocupação oferecer um modelo generalista de trabalho em equipe, com a presença também do psiquiatra e do neurologista. Respeitava-se o modelo médico, em que o psicólogo era um técnico que trabalhava sob sua orientação. Todas estas posições refletiam o pensamento vigente na época e a posição do psicólogo tal como encarada pela sociedade.

Por algum tempo, a entrada da psicanálise no curso se defronta com muitas resistências. Gradualmente, a concepção de uma psicanálise de crianças, enquanto campo que comporta especificidades para a formação do profissional, vai ganhando espaço a partir de debates no corpo docente e na própria instituição. Ao longo das décadas de 70 e 80 com a participação intensiva de Ada Morgenstern, Afrânio de Matos Ferreira, Maria Cecília M. Comparato, Cida Maria Sampaio Dória, Gilka Zlochevsky e Lia Pitliuk, o curso vai sofrendo uma reformulação progressiva, abandonando definitivamente o modelo médico e acolhendo a psicanálise como seu novo referencial, sem perder o espírito de trocas interdisciplinares.

Esta reformulação determinou uma nova dinâmica no curso. Até então, a equipe docente era constituída por professores com formação básica e com referenciais da psicologia bastante diferenciados entre si; a partir dessa reformulação, o grupo ganha uma homogeneidade que visa a formação em Psicanálise e suas especificidades no trabalho com crianças. Passa a existir também uma relação horizontal entre os profissionais, e não mais hierárquica.

Nesse percurso, as articulações do curso com a clínica também sofrem reformulações. Até então, os alunos eram obrigados a atender aos pacientes da clínica do Sedes e, com o tempo, essa obrigatoriedade deixa de existir. Essa mudança reflete a posição do curso quanto às supervisões, que deixam de ser acompanhamento de casos clínicos, passando a ser acompanhamento do aluno-analista em formação.

Essas mudanças todas revelam-se nos diferentes nomes que o curso foi adotando. Chamou-se inicialmente “Ludoterapia”, passando para “Psicoterapia Infantil”, depois “Psicoterapia Psicodinâmica de Crianças”, “Psicoterapia Psicanalítica da Criança” e, nos tempos atuais, “Psicanálise da Criança.”

A fundação do Departamento Psicanálise com Crianças aconteceu em 1997. Aquele curso multiprofissional, de forte cunho psicológico, dos idos dos anos setenta, ganhou corpo, e hoje goza da estrutura de um espaço formativo, que mantém, além do curso de especialização, um setor voltado para a clínica e a pesquisa de seus membros, um setor envolvido com as publicações, outro com os cursos de extensão, um setor que se ocupa dos eventos, além de marcar presença na internet com um site e participação em redes sociais.

Para finalizar, devemos destacar, através da história desse curso, o espaço de vanguarda defendido pelo Sedes, promovendo movimentos fundamentais na história de nossa comunidade. É aqui que se inicia o movimento para a criação da formação oficial de psicólogos nas universidades. Uma vez defendido esse espaço, abre lugar para as especializações voltadas às demandas sociais nesta área. Certamente, com estes 20 anos de experiência, acreditamos na manutenção desse papel de vanguarda do Instituto, no sentido de se apresentar como um espaço de formação pioneiro na sociedade brasileira.

Ao mesmo tempo, confiamos no aprimoramento desse espaço de criação de analistas de crianças, sempre sintonizado com as necessidades de nossa realidade, cuja complexidade crescente demanda, para além das capacitações técnicas, uma reflexão sobre o lugar do terapeuta no tecido social.

 
 
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