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INFORMATIVO ONLINE SOBRE AS ATIVIDADES DO DEPARTAMENTO
PSICANÁLISE COM CRIANÇAS DO INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE

 
ANO VIII | Número 15 | edição agosto a dezembro de 2021  
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  Perspectiva Relacional em Psicanálise
   

 

O grupo de estudos A Perspectiva Relacional em Psicanálise surgiu no segundo semestre de 2013, a partir do interesse de alguns alunos que estavam no primeiro ano do curso Psicanálise com Crianças. Na época, nos encontrávamos no consultório da professora Lia Pitliuk, e tínhamos como principal objetivo aprofundar os conhecimentos a respeito dos fundamentos da psicanálise, explorando os modelos pulsionais e relacionais, ou seja, entendendo como alguns autores explicam as relações de objeto a partir da pulsão e outros a partir da relação.

Começamos com os Três Ensaios de Freud, depois lemos a teoria da libido de Abraham, estudamos Fairbairn e a importância das relações de objeto, a falha básica de Ballint, e outros autores com textos mais pontuais.

Após um ano e meio de encontros, cogitamos levar o grupo para o SEDES e abrir vagas a outros interessados. Tivemos a ajuda e todo o apoio da professora Lia para viabilizarmos essa possibilidade, pois, na época, ainda não existiam grupos de estudo verticais e remunerados. No segundo semestre de 2015 iniciamos os nossos encontros no SEDES. Foi feita uma rápida retrospectiva  do que havíamos abordado anteriormente, mas já tínhamos em mente que o nosso principal interesse era mergulhar no modelo relacional.

Nossa proposta era estudar o lugar e a função do objeto, para Winnicott, no processo constitutivo. Assim, inicialmente, nos detivemos sobre alguns de seus conceitos (transicionalidade, preocupação materna primária, mãe suficientemente boa, holding, self, etc) para, em seguida, iniciarmos um estudo mais centrado na noção de dependência absoluta, pensada tanto na relação mãe-bebê quanto no contexto da relação analista-paciente. A clínica sempre foi a nossa meta.

Estabelecemos semelhanças entre as relações mãe-bebê e, via transferência, entre o paciente e o analista. Para nos auxiliar nesta trajetória lemos um capítulo do livro de Christopher Bollas sobre o objeto transformacional e outros textos de Winnicott, em especial as formas variadas de comunicação e de não comunicação e a relação que existe entre elas e a capacidade de estar só.

Em seguida, estudamos Ricardo Rodulfo, outro psicanalista mais contemporâneo que assim como Winnicott considera as primeiras relações objetais como fundamentais na constituição subjetiva.

Em 2017, optamos por nos aprofundar nas adicções como uma espécie de ‘matriz’ para trabalhar a perspectiva relacional em psicanálise, além de ser uma questão da atualidade.

Com este novo foco refletimos sobre as possíveis características buscadas pelos sujeitos em seus objetos de adicção e também nas relações que estabelecem com seus analistas. Seguimos o estudo através do pensamento de Bollas, que aborda as marcas existenciais deixadas pelas as primeiras experiências do bebê com sua mãe, e nos aprofundamos em alguns conceitos deste autor, como o objeto evocativo, idioma pessoal, self simples e complexo, etc.

No caminho de pensar as adicções, chegamos à proposição fundamental de Bollas sobre os sujeitos não apenas escolherem objetos (de modos conscientes e inconscientes, como a psicanálise sempre sublinhou), mas de serem também ‘escolhidos’ e capturados por eles. Exploramos um pouco as repercussões deste modo de pensar para a nossa escuta e para a nossa compreensão da relação analista-paciente.

Ampliamos os pensamentos de Bollas para a clínica, analisando como se dá o encontro do paciente com o analista e nesse sentido, como cada um pode ser um objeto que evoca e transforma, favorecendo a expressão do idioma pessoal.

Em 2018, mantivemos o tema das adicções como pano de fundo e comparamos com o fetichismo, outra patologia da transicionalidade. Retomamos o estudo do funcionamento psíquico dos adictos a partir de textos de Joyce McDougall, focando a maneira como ela descreve as patologias do transicional.

Em 2019, passamos a explorar os objetos com os quais as pessoas se relacionam, considerando não apenas um outro eu real como objeto, mas também os objetos introjetados.

Diferenciamos as quatro dimensões da intersubjetividade (trans-subjetiva, traumática, interpessoal e intrapsíquica) e sua importância na constituição psíquica lendo textos de Luís Cláudio Figueiredo. Em seguida, passamos a estudar e analisar estas dimensões nos casos relatados por Freud sobre três de suas pacientes histéricas (Lucy, Elizabeth e Katharina). Abordamos ainda, sob essa mesma perspectiva, um outro caso com características diferentes das anteriores e lemos o texto “Brincando na internet: notas sobre o modo borderline de viver” de Lia Pitliuk.   

Por fim, fechamos o semestre lendo o texto “O self no espaço compartilhado: a subjetividade relacional em Winnicott”, de Heliane de Almeida Lins Leitão que integra e elucida vários conceitos elaborados por Winnicott.

Em 2020, nos debruçamos novamente sobre os textos de Winnicott, focando inicialmente no tema da constituição psíquica no que se refere à saúde, para depois caminharmos em direção à clínica. Discutimos o espaço transicional (ou potencial) do brincar na clínica, seu enquadre e a importância do setting, para que o paciente mantenha-se sustentado na continuidade do seu viver, possa regredir e a importância da simbolização.

Exploramos uma vinheta clínica de um caso borderline e finalizamos com 3 textos de Winnicott que fazem a ponte entre a clínica e a teoria do amadurecimento: o desenvolvimento da capacidade de se preocupar, a importância do setting no encontro com a regressão na psicanálise e aspectos clínicos e metapsicológicos da regressão no contexto analítico.   

Em 2021, mergulhamos na obra de Christopher Bollas, no sentido de compreender melhor seus conceitos que nos auxiliariam, principalmente, no atual formato da clínica “em linha”, decorrente da pandemia. Assim, em cada encontro abordamos um ou mais conceitos, sem nos determos em esmiuçar um texto específico, como fazíamos antes. Nossa intenção era compreender o método da clínica de Bollas, sempre tão viva e com ênfase na experiência do paciente com o analista, e relacioná-los com a nossa clínica.

Os textos lidos foram basicamente de três livros escritos por Christopher Bollas: A sombra do objeto, Forças do destino e Sendo um personagem.

Nosso percurso não é pré determinado, e assim,  sempre discutimos o caminho que iremos seguir para dar prosseguimento aos estudos e, conforme a necessidade e o tema escolhido, revisitamos textos já explorados que se complementam com outros. Todos os participantes e interessados são bem vindos, desde que haja uma congruência no que está sendo buscado e oferecido, assim como na possibilidade de acompanhar os novos conhecimentos, em que uma base psicanalítica é fundamental.

Não temos ainda acordado sobre o que estudaremos em 2022.

Texto elaborado por Constanza Vaz Guimarães, membro do grupo desde o seu início, e representante no Departamento Psicanálise com Crianças.

 
 


INFORMAÇÕES:

Frequência e Horário: 16h30 – 18h – Sexta-feira (primeira e terceira sextas-feiras do mês).
Investimento: R$60 por encontro para participantes que são membros do Departamento de Psicanálise com Crianças e R$70 para os demais.

Para mais informações, entre em contato através do email: lia.internet@gmail.com

 

 
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