sedes
Trabalhos

Famílias Contemporâneas – um filho e (duas mães; dois pais)

Christiane Sanches: Psicóloga Judiciária do Forum de Pinheiros; Formação em Psicanálise da Criança pelo Sedes Sapientiae; Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Mackenzie; Especialista em Psicologia Hospitalar – Santa Casa de Misericórdia. Professora dos Cursos de Psicologia Jurídica e Prevenção e Proteção às vítimas de violência – Sedes Sapientiae.

Eixo temático: Complexo de Édipo – Novas Configurações Familiares

Resumo

O psicólogo judiciário responde a várias demandas para assistir ao Juiz da Vara da Família e Infância em suas decisões. Entre elas podemos citar: regulamentação de visitas; guarda; tutelas; avaliação para cadastro de adotantes; interdições; situações de acolhimento e acompanhamento de crianças e adolescentes e outras não menos importantes. Atualmente, observamos a mudança de cenário: casais homoafetivos em busca da constituição de família com filhos, por meio da adoção ou inseminação artificial. Os casais solicitam ao serviço do Judiciário a inclusão no cadastro de adotantes ou a inclusão do nome de duas mães na certidão de nascimento dos filhos. A partir da experiência profissional como psicóloga judiciária, buscaremos apresentar recortes da avaliação de casais homoafetivos para o cadastro de adotantes.
Observamos que o judiciário sugere ocupar a representação de uma busca da legitimização diante da sociedade sobre a veracidade desta construção familiar. Neste aspecto, qual a interface entre o olhar do profissional deste encontro: entre a subjetividade e o legítimo social. Qual a representação psíquica dos filhos para os futuros pais, mães e destes pais e mães para as crianças. Trata-se de uma demanda nova. Outro ponto que notamos que transita no discurso destes casais é como será o momento da revelação, sugerindo receio de um possível sofrimento.
A percepção que a criança está inserida em um espaço mais amplo, além do familiar transita no discurso desses casais. No caso, dos adotantes manifestam a preocupação em evitar a criação de novos traumas. O que seriam os novos traumas: a percepção de uma dívida para com a criança da falta do lugar tradicional? Ou, o sofrimento de alguma resistência social já vivido de forma traumática, projetado na criança. Consideramos que se trata de uma nova demanda para o judiciário, com expectativas e posições de papéis que, muitas vezes, aproximam-se a transgeracionalidade dos lugares tradicionais. Quando Freud na sua obra descreveu sua teoria sobre o Complexo de Édipo, não tivemos vinhetas de seus atendimentos que pudessem clarificar esta demanda. A experiência da profissional, com tal demanda, ainda, é limitada. Desta forma, o estudo não poderá direcionar-se para um pensar quantitativo, mas qualitativo diante da subjetividade observada nesta relação entre a profissional e os casais. Consideramos que se trata de um lugar profissional que também está se constituindo.