Resumo
Denise, você pode atender um menino de 3 anos que tem um comportamento agressivo com os colegas e a professora, e frequentemente se descontrola de tal maneira que bate a cabeça no chão ou na parede até ferir?
O pedido vindo por um telefonema ao lado de vários possíveis diagnósticos psiquiátricos obtidos em serviços de saúde, marca o início de uma análise que já dura 10 anos. A autora parte de um trabalho apresentado anteriormente e descreve o modo como uma criança exposta em seus primeiros anos de vida à experiências fusionais e “incestuosas”, consegue consolidar-se com uma sexualidade que lhe permita apaixonar-se e se ver às voltas com o desejo e a dor de ser colocado em uma friendzone por alguém que se chama Isabella.
As vivencias de sua sexualidade nas diversas etapas de vida na relação com a analista, narradas no presente texto, permitiu que se construísse um psiquismo capaz de relações de intimidade e vínculo sem serem perversas. A sexualidade implícita em determinada ação ou clima emocional da sessão, manejada pela analista dentro de limites claros, mas sem que fossem negados ou atuados, parecem ter sido fatores essenciais para o aprendizado do jogo de uma sexualidade compartilhada e saudável.
A autora num relato primordialmente clínico porém articulado em bases teóricas que sustentem sua argumentação, descreve o rico e difícil percurso dessa longa - porém fundamental -, análise que desfez o anunciado destino inicial de uma vida encapsulada, sofrida e classificada por diagnósticos.
Palavras-chave: clínica psicanalítica com crianças; sexualidade, relação fusional, édipo.
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