sedes
Trabalhos

A Dor Abdominal Crônica Recorrente em crianças de 9 e 12 anos e a travessia do Complexo de Édipo

Sabrina Bortollini Nery

Eixo temático: Complexo de Édipo

Resumo

Apresentaremos as conclusões parciais de um projeto de pesquisa e intervenção com crianças entre 9 e 12 anos com dor abdominal crônica recorrente (DACR), internadas no Hospital infantil Sabará (SP), que teve por objetivo investigar as ressonâncias da experiência da dor na subjetividade e dinâmica familiar destas crianças.
O interesse por este tema surgiu a partir da elevada prevalência de atendimentos às crianças com DARC (sobretudo pré-adolescentes). Trata-se de uma dor recorrente chamada funcional, incapacitante, que tem por característica a completa ausência de anomalias estruturais ou bioquímicas. Apesar de benigna do ponto de vista orgânico, a dor provoca incertezas na família quanto ao diagnóstico médico e traz a sensação de que a criança ora é ‘doente’ e ‘frágil’ ora ‘mente’ e ‘manipula’. Estes significantes repercutem na relação da criança e sua família, no estabelecimento das bases discursivas e identitárias da subjetividade, com consequências complexas. Por outro lado, observa-se nestes anos finais da latência, preocupações com a morte, a finitude e a sexualidade povoando o universo infantil e se entrelaçando à experiência corporal da dor. Além deste quadro, a dinâmica da criança e de sua família, bem como suas narrativas durante o período de hospitalização, revelam aspectos simbióticos a serem considerados.
Do ponto de vista teórico, nossa hipótese é que a DACR experimentada nesta fase remeta para uma dificuldade vivida no estabelecimento dos processos de vinculação entre mãe-bebê e na construção do espaço potencial, comprometendo a travessia do Édipo.


Palavras-chave: Espaço potencial, Dor, Pré-adolescência, Complexo de Édipo.