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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    34 Junho 2015  
 
 
NOTÍCIAS DO SEDES

ENCONTRO INAUGURAL DO SEDES – 2015


MARIA LAURINDA RIBEIRO DE SOUSA[1]


Num texto publicado em 1927, O futuro de uma ilusão, Freud afirma que “o homem vive como que ingenuamente o seu presente, sem poder dar o devido valor ao conteúdo de sua época. É preciso ganhar distância, diz ele, isto é, que o presente se transforme em passado, para que se possa ter um ponto de partida para julgar o futuro... Quanto menos se conhece do passado e do presente, tanto menos seguro será fazer uma avaliação do futuro”.

É com essa premissa que retomamos hoje um pouco da história desta instituição. O momento presente e as manifestações de certos grupos que ousadamente pensam e propõem a volta dos militares ao poder executivo, fazem oportuna essa retomada.

O filme que vocês vão assistir agora é uma edição feita a partir de vários documentários realizados em diferentes momentos da história do Sedes. Ele não segue uma ordem estritamente cronológica e, então, vocês verão vários depoimentos feitos pelas mesmas pessoas ora em épocas mais recentes, ora em épocas mais antigas - essa talvez seja uma forma de dizer que o importante desses relatos é que sua repetição, em diferentes momentos, põe em evidência que essas ideias continuam presentes em nossa história e são marcas significativas desta Instituição.

Vocês verão que há, também, referências a dois espaços físicos diferentes – o Sedes da Caio Prado, com sua clínica e faculdade de Psicologia e o Sedes Instituto de hoje, aqui na rua Ministro de Godoy.

Os filmes originais estão na biblioteca e convidamos vocês a assisti-los para se apropriarem mais dessa história.

Frei Betto, que está aqui hoje, faz um depoimento neste documentário mencionando sua ligação afetiva com o Instituto. Era a festa dos 20 anos em 1997. Este encontro tem também esse propósito – o de que aqui se estabeleçam laços de parceria, de reconhecimento e de amizade. E que eles sustentem o desejo de saber e de fazer parte da vida política do Sedes.

João Pedro Stédile, líder do MST, também mencionou, numa fala que não está neste recorte, que toda vez que vinha falar com Madre Cristina, ela lhe entregava um livro para ler – importância atribuída ao valor da Educação para todo aquele que exerce um trabalho popular, mas não só – isso fala de uma Educação implicada com as questões sociais. Os Centros existentes no Sedes, além da diversidade dos cursos e Departamentos, e da Clínica Psicológica, são testemunhas dessa vocação: o CEPIS (Centro de Educação Popular do Instituto), o CEFIS (Centro de Filosofia do Instituto) e o CNRVV, Centro de Referência às Vítimas de Violência). E, para além desses espaços formalizados, há uma abertura para a hospitalidade aos grupos e às discussões presentes na contemporaneidade: as questões ligadas à imagem e ao corpo, às políticas de Saúde Mental, ao autismo, à inclusão, ao reconhecimento da diversidade de gêneros, às reações às catástrofes, à tentativa de diminuir a maioridade penal, às condições da saúde do trabalhador...

A Clínica Psicológica do Sedes teve sua origem, nos anos 40, antes mesmo da Psicologia ser regulamentada como profissão e foi ela que esteve na origem da Faculdade de Psicologia que, por sua vez, derivou na criação do Instituto. Desde então, vários projetos ganharam desenvolvimento nesta clínica que, de uma clínica-escola, passou a ser reconhecida como uma clínica de serviços; uma clínica que trabalha na invenção de dispositivos de ação e de intervenção para além das atividades estritamente psicoterápicas.

E, mais recentemente, desde 2013, teve início o Projeto Clínica do Testemunho, que tem como objetivo promover a formação de núcleos de apoio e atenção psicológica aos afetados pela violência do Estado ocorrida entre 1946 e 1988, violência que ainda continua a existir. Esse projeto faz parte das ações da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Na biblioteca há também um filme sobre a 47a Caravana da Anistia, outra das ações ligadas ao Ministério da Justiça, que foi realizada aqui neste auditório em 2010, onde se efetivou, publicamente, o julgamento do processo de anistia do padre Joseph Conblain. Nele há também uma sessão de memória e homenagem a três personagens importantes de nossa história política: Padre Conblain, D. Paulo Evaristo Arns e Madre Cristina.

Contar a história de Madre Cristina é contar a história do Instituto Sedes Sapientiae. O filme começa com a leitura de um texto sobre os Direitos Humanos. Este texto foi organizado a partir dos últimos escritos de Madre Cristina. Ele é lido por alunos, professores e funcionários do Instituto e é representativo daquilo que desejamos seja uma prática nesta instituição: a de que todos tenham direito a voz e participem dos projetos que existem ou possam vir a existir neste espaço de formação.



 

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[1]Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise, professora do Curso de Psicanálise e diretora do Instituto Sedes Sapientiae.




 
 
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