CRISTINA PETRY[1]
Processar cada novo pedido de pertencimento é acompanhar o candidato na singularidade de seu percurso como analista e seu desejo de ingressar neste Departamento. É também acompanhar os movimentos do próprio Departamento, lidar com suas ambiguidades, suas transferências cruzadas, suas relações e possíveis conflitos, entrar em contato com a salutar pluralidade que nos caracteriza e a difícil sustentação da mesma.
Convocatória
A III Jornada da Comissão aconteceu no sábado 16/05/2015, das 9h00 às 13h30, nas salas 3 e 4 do Instituto Sedes Sapientiae, de maneira dinâmica, onde os participantes reuniram-se em três grupos divididos conforme interesses manifestados em debater questões específicas, previamente formuladas por esta Comissão.
Conforme divulgado na Convocatória, essas questões surgiram das vivências, dos processos de reavaliação e dos questionamentos suscitados nesse trabalho, tanto no âmbito interno quanto advindo dos demais setores do Departamento:
a) Como pensamos a escrita do caso clínico no Departamento?
b) Como pensar a passagem do lugar de participante de um grupo de trabalho do Departamento para a nova posição de membro do Departamento e sua posterior implicação em um permanente trabalho de sustentação do mesmo?
c) Quais são os questionamentos e sugestões que o coletivo tem, atualmente, em relação ao trabalho da Comissão de Admissão?
Interessante destacar a participação efetiva – desde a dos membros recém admitidos, que trouxeram no relato a elaboração e o testemunho do que foi enveredar-se no processo de admissão para este Departamento, até a dos membros mais antigos, cuja história e vivência enriqueceram o debate, que contou ainda com a participação de alguns aspirantes a membro, dispostos a saberem mais sobre como são processados todos os pedidos e interessados em expor as suas sugestões.
Nessa jornada, em que ficou evidente o real compromisso coletivo para com o desenvolvimento desse trabalho tão sério, significativo e investido em todos os seus aspectos, foram endossadas as seguintes premissas e conclusões[2]:
1. A importância da Comissão de Admissão como um lugar possível para o desenvolvimento e/ou processamento de um novo ato psíquico (ato autônomo que deve ser sustentado autonomamente) do aspirante a membro (aluno ou ex-aluno) ou do candidato externo (inclusive participante de grupos de trabalho do Departamento, condição em que pode permanecer por até 2 anos) que, ao manifestar o seu desejo, deve sair da posição de aluno para ocupar um lugar de pertencimento a uma associação de psicanalistas comprometida com a produção e a participação no coletivo deste Departamento;
2. O Breviário, documento que contém as sistematizações realizadas e revistas pelas sucessivas comissões de admissão, a respeito de como se deve dar o processo de admissão de novos membros, é disponibilizado a todos os candidatos e demais interessados. Assim como temos o Regulamento Interno do Departamento e a Carta de Princípios do Instituto Sedes, esse documento deve continuar a ser um elemento norteador, sempre aberto a novos questionamentos e sugestões de melhorias, como, por exemplo, a criação de um Aditivo onde possa constar a ampliação/especificação de tais medidas. Foi sugerido a todos os presentes, como prova de que questionamentos sempre estiveram presentes no âmbito do Departamento, rever os artigos do nº 45 da Revista Percurso, que já tratava dos temas em questão (pg. 11, 13, 69, 81 e 89);
3. Reconhecidos notório saber: pensarmos juntos a possibilidade de passarem a usufruir de um processo diferenciado, ao serem convidados a participar de uma conversa geral com a Comissão ao invés de entrevistas individuais. Chegou-se a um consenso nessa Jornada quanto ao valor de que, além da conversa com a Comissão, a pessoa reconhecida na condição de notório saber também elabore um trabalho para se apresentar ao coletivo do Departamento na qualidade de membro;
4. Processo de admissão: envolve igualmente o aceite do interessado – aspirante a membro, externo e/ou de notório saber – em dividir o seu conhecimento e a sua experiência clínica por meio das apresentações públicas enquanto um espaço de trocas, onde irá conhecer e fazer-se conhecer aos demais colegas;
5. Justificada a necessidade da participação de um representante/interlocutor da Comissão junto ao Conselho de Direção porque, dentre outras coisas, embora a Comissão tenha autonomia na condução dos processos de admissão, está implicada nos demais trabalhos e vicissitudes do Departamento;
6. A Jornada foi novamente reconhecida enquanto um dispositivo bastante interessante para o processamento, a reavaliação e o prosseguimento de todo o trabalho que requer a participação permanente e a corresponsabilização de todos os membros.
Comissão de Admissão: Gestão 2013/2014: Ana Maria S. Leal, Célia Klouri, Cleide Monteiro, Daniela Danesi, Sandra Navarro, Vera B. Zimmermann, Veridiana Fraguas e Yone Rafaeli;
Gestão 2015/16: Ana Maria S. Leal, M. Cristina Petry Barros Martinha, M. Cristina Teixeira Prandini, Rodrigo Gonçalves Blum, Tatiana Inglez-Mazzarella, Vera B. Zimmermann e Veridiana Fraguas.
A partir desta jornada, passamos a contar com a participação da colega Ana Cláudia Patitucci enquanto a mais recente integrante nos trabalhos da Comissão, a ser referendada na próxima Assembléia.
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[1]Psicóloga clínica, psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.
[2]Os interessados em maiores detalhes a respeito do debate realizado em plenária poderão contar com a gravação disponível no Departamento.