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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    36 Novembro 2015  
 
 
PSICANÁLISE E POLÍTICA

DE QUE PARTICIPAÇÃO NO MUNDO GOSTARÍAMOS PARA NOSSO DEPARTAMENTO?


ROBERTA KEHDY[1]

 

Recebi o convite do Boletim para falar da Área de Relações Externas de nosso Departamento como uma oportunidade de compartilhar com os membros um pouco da história da Área e do que pretendo desenvolver como articuladora desta, em consonância com a direção política de transparência, abertura e diálogo da atual gestão do Conselho de Direção.

Desde sua fundação em 1985, nos Princípios norteadores do Departamento de Psicanálise aparece a importância do contexto-histórico social no qual a prática psicanalítica se insere – entendendo-se que este contexto sobredetermina esta prática, ao mesmo tempo que o exercício da psicanálise pode incidir transformando o mesmo. Neste sentido, é princípio do Departamento não cair no cientificismo neutro, nem tampouco numa prática apolítica.
 
O Departamento se propõe também como um espaço de articulação da Psicanálise com outros campos do conhecimento. É princípio do Departamento, portanto, buscar ser um espaço de reflexão e troca multidisciplinar. A proposta não é criar um Centro de Ciências Humanas, mas um Departamento onde a produção psicanalítica possa contar com a contribuição de produções provenientes de outras disciplinas e áreas de saber.

A partir de 1999 quando foram instituídas as áreas no Conselho de Direção, a área de Relações Externas passou a ser a responsável pelo contato e participação do Departamento no mundo além muros do Instituto Sedes Sapientiae, seja no campo psicanalítico ou nos âmbitos culturais e sociais de nosso interesse e afinidade.

Nas últimas gestões, esta Área trabalhou articulada com a Área de Eventos organizando diversos encontros onde a importância do diálogo com outras disciplinas e instituições ficou evidente; vale destacar entre eles: O racismo e o negro no Brasil: questões para a Psicanálise e Ditadura civil militar: o que a Psicanálise tem a dizer, eventos que entrelaçaram a Psicanálise com outros campos de conhecimento e intervenção como o sociodrama, a antropologia, a sociologia e a psicologia social.

Ao longo dos últimos anos também realizamos trabalhos em parceria com outras instituições. O Grupo de Estudos sobre Intolerância desenvolveu pesquisas e intervenções em convênio com o CEPI/LEI da USP e o grupo Sexualidade, Cultura e Prevenção em DST/AIDS efetuou trabalho conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde – ambos com atividades encerradas em 2012. O Grupo de Intervenção e Pesquisa Clínica: da gestação à primeira infância permanece em atividade, desenvolvendo atendimentos junto ao Programa Einstein Comunidade Paraisópolis.

A partir da aprovação do regulamento em 2014, ficou estabelecido que compete à Área de Relações Externas:
(a)  fomentar a troca de informações, publicações, trabalhos e convites com outros profissionais e instituições, inclusive de outros estados e países;
(b)  estabelecer acordos e parcerias para a realização conjunta de eventos ou atividades afins com universidades, empresas, organizações públicas ou privadas e associações;
(c)  acompanhar a participação do Departamento nos movimentos de articulação das entidades psicanalíticas brasileiras, para que o Departamento possa se opor ou apoiar de forma efetiva projetos de Lei, de acordo com seus princípios e valores (participação significativa que vem sendo realizada desde o surgimento do movimento pela colega Ana Maria Sigal, conforme artigo no Boletim de junho deste ano);
(d)  articular grupos e políticas com instituições do campo psicanalítico e/ou de políticas públicas no campo da Saúde Mental.


Como atual articuladora desta Área, tenho trabalhado em conjunto com o Conselho de Direção no sentido de manter o processo crescente de abertura e diálogo do Departamento não só com outras áreas do saber, mas também buscando novas possibilidades de parcerias inter-institucionais.

Um diálogo que gostaríamos de estreitar é com a Universidade. Nesta direção, no início do ano participei, convidada por nosso colega David Calderoni, de reuniões do NUPSI - Núcleo de Psicopatologia, Políticas Públicas de Saúde Mental e Ações Comunicativas em Saúde Pública da USP - pois, como coordenador, David gostaria de aproximar o Departamento deste Núcleo que realiza trabalhos diversos e interessantes. Há uma perspectiva de desenvolvimento futuro de pesquisa conjunta e para tanto incluímos neste diálogo nosso colega Roberto Villaboim, articulador da Área de Transmissão, Pesquisa e Intervenções Externas. Estamos começando uma interlocução.

Além da Universidade, a troca com outras instituições psicanalíticas também nos parece significativa, principalmente para discutirmos algumas interfaces que consideramos de fundamental importância no momento atual: psicanálise e política, psicanálise e comunidade, psicanálise e pesquisa, o que nos fez aproximar da articuladora da Área de Eventos Alessandra Sapoznik, pois estes são temas sobre os quais pretendemos promover eventos no próximo ano. Os eventos são uma boa oportunidade de compartilharmos nossa concepção de psicanálise como também de escutarmos o que outros psicanalistas e saberes vem desenvolvendo, assim como de gerar receita para o Departamento, que é um de nossos desafios atuais no Conselho de Direção.

Temos pensado sobre a globalização e a grande mobilidade presente no mundo contemporâneo e o quanto seria interessante que nosso Departamento pudesse divulgar nossa concepção de Psicanálise para além de São Paulo. O GTEP faz  este  importante trabalho pelo Brasil afora, mas sonhamos alto e queremos alcançar outros países. Com isto em mente, iniciamos uma pesquisa sobre Federações de Associações Psicanalíticas Independentes e estamos avaliando possibilidades de participação em algumas delas cujos objetivos compartilhamos.

Uma interrogação que aparece em diferentes âmbitos, nos grupos de formação contínua, em conversas de corredor, é: Como apresentar o que nós, psicanalistas deste Departamento, temos a dizer sobre questões importantes que aparecem na mídia e sobre as quais podemos dar uma contribuição significativa? Esta seria outra maneira de circular nossa maneira de fazer psicanálise e ganhar visibilidade. Iniciativas que vão nesta direção são as matérias abertas da revista Percurso, do Boletim Online e o Blog do Departamento, que aproveitam a agilidade da internet para mostrar para fora um pouco do que pensamos. Outra que já foi aventada é a contratação de uma assessoria de imprensa.

Como este trabalho de articulação é bastante complexo e exigente e o consideramos como uma construção coletiva que pretende contemplar a diversidade de pensamento existente em nosso Departamento, gostaria de reforçar o convite, feito em setembro via CDI, para que outros colegas interessados nestas múltiplas interfaces da Área de Relações Externas possam se juntar a nós para desenvolvermos novas interlocuções e parcerias.

São Paulo, 30 de outubro de 2015
 
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[1]Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, articuladora da Área de Relações Externas no Conselho de Direção.
 



 
 
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