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    JORNAL DIGITAL DOS MEMBROS, ALUNOS E EX-ALUNOS
    45 Abril 2018  
 
 
NOTÍCIAS DOS CURSOS

NOTÍCIAS DO CURSO DE PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA E
CLÍNICA CONTEMPORÂNEA
PARA O BOLETIM ONLINE


Márcia de Mello Franco [I]



O Curso Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea está em um processo de mudanças - algumas já em andamento, outras em elaboração -, que o grupo de professores gostaria de compartilhar com os colegas.

Em primeiro lugar, mudança no grupo de professores. No final do ano passado, após muitos anos de participação, saíram do grupo Helena Albuquerque e Marli Ciriaco Vianna. Somos gratos à sua preciosa contribuição, que permanecerá conosco e decerto o trabalho construído juntos irá ganhar outros destinos nos projetos de cada uma delas. Após a despedida, recebemos com satisfação outros dois colegas: Ana Maria Siqueira Leal retoma sua participação no curso após algum tempo de afastamento e Marcelo Soares – membro do Departamento, onde participa do grupo Sexta Clínica, doutor em Psicologia Clínica pelo IPUSP, professor e coordenador do curso Drogas, Dependência e Autonomia: O barato no divã, do Instituto Sedes – passa a integrar o grupo de professores. Acreditamos que essa mudança possa nos trazer boas novidades!

A experiência com os alunos tem nos possibilitado entrar em contato com a riqueza e a diversidade presentes hoje nos trabalhos realizados por muitos profissionais que chegam ao curso em franca inserção ou num movimento de aproximação do campo da psicanálise. Dentro dos critérios de admissão no curso - algum percurso prévio na teoria psicanalítica, experiência clínica e análise pessoal - encontramos alunos com práticas muito variadas, que vão do trabalho dentro do setting tradicional ao trabalho numa perspectiva da clínica ampliada em psicanálise. Atuam no consultório ou em clínicas com convênios, como acompanhantes terapêuticos, em instituições de saúde, brinquedotecas, na área da Justiça, na Assistência Social, em projetos com população em situação de rua, penitenciárias, etc. Tanto nos seminários teóricos quanto na supervisão, nos surpreendemos com a riqueza dessas práticas e o diálogo com os alunos alimenta nossa reflexão acerca do que se passa com o sujeito hoje e sobre os dispositivos que podem ser montados a partir da psicanálise para intervir nesses diferentes espaços.

Alguns alunos têm apresentado, entretanto, o desejo de ter mais experiência clínica ou de conhecer o trabalho clínico-institucional. Isso nos motivou a iniciar uma aproximação com a Clínica do Sedes e a oferecer, pela primeira vez, a possibilidade de participarem do Aprimoramento desta Clínica. Acreditamos que o trabalho numa clínica comprometida social e politicamente está intimamente relacionado aos objetivos de nosso curso e da formação que buscamos oferecer aos alunos. Nosso curso, que este ano completa 20 anos, se derivou do curso Psicoses: Concepções teóricas e estratégias institucionais, voltado justamente para a formação dos profissionais que participavam da criação e implantação de uma rede de serviços substitutivos ao modelo manicomial na gestão de Luiza Erundina. Pensamos que o envolvimento com a Clínica do Sedes está em continuidade com esse projeto de formação que busca valorizar as práticas institucionais em Saúde Mental, apóia a reforma psiquiátrica (em risco no atual cenário político) e o movimento antimanicomial.

Ainda estamos nos organizando para essa nova atividade do curso. Além da supervisão semanal em grupo, parte do nosso programa regular, estudamos como oferecer mais espaço de supervisão aos que realizarem o Aprimoramento na Clínica. A forma como ocorrerá a supervisão dependerá do número de alunos que sustentarão o interesse por uma atividade que demanda implicação em um projeto coletivo. De nossa parte, entendemos que a inserção no Aprimoramento da Clínica irá requerer um esforço de articulação com as diversas instâncias envolvidas nesse projeto. Esperamos que essa experiência nos forneça mais elementos, seja para a pesquisa da variedade de problemáticas subjetivas que emergem hoje no campo social, seja para a investigação das possíveis contribuições da psicanálise no trabalho com essas questões. Acreditamos no valor da clínica psicanalítica como dispositivo promotor de processos de subjetivação e sua importância na interlocução, na construção de narrativas e na possibilidade de elaboração de situações traumáticas.

Na direção de atualizar o programa do curso, estamos discutindo entre nós a possibilidade de incluir outros temas em nosso programa. Há alguns anos trabalhamos com 3 módulos teóricos em cada um dos dois anos de curso. Os módulos do primeiro ano são:Demanda Clínica e Psicopatologia Psicanalítica; Depressões, Luto e Melancolia;Pânico e o Campo do Angustiante; e, no segundo ano:Distúrbios do Sono; Problemáticas Alimentares;Toxicomanias (O programa do curso se encontra no seguinte link: http://www.sedes.org.br/Departamentos/Psicanalise/index.php?apg=curso2). Os temas escolhidos para compor os módulos nos interessam, para além de sua especificidade, por seu valor enquanto representantes do mal-estar da época, pelas interrogações que trazem sobre a constituição do sujeito na contemporaneidade e pelo constante trabalho teórico dos modelos que temos para pensá-los a partir da perspectiva complexa da psicopatologia psicanalítica. Há algum tempo observamos que outros temas emergem nos seminários teóricos e nas supervisões, convocando nossa escuta. Entre outras, as questões ligadas às identidades e problemas de gênero, aos efeitos dos processos migratórios, ao racismo, à intensificação dos fundamentalismos. Sentimos ainda a necessidade de aprofundar nossa reflexão sobre os efeitos produzidos na subjetividade pelos rápidos avanços tecnológicos que alteram a relação do sujeito com o espaço, o tempo e o outro. A abordagem desses e de outros temas requer também uma reflexão sobre o avanço das políticas neoliberais e sobre a pregnância do discurso a respeito da segurança nesse contexto. Atualmente, buscamos formas de abordar essas problemáticas emergentes nos módulos já existentes. Conforme nosso trabalho vá ganhando corpo, poderemos alterar o programa e trocar ou propor novos módulos aos alunos.

O que estamos tentando transmitir aqui é algo que ainda está sendo gestado: pensamos alto e dividimos isso com vocês na expectativa de que a circulação da palavra possa beneficiar a todos em um momento em que as questões apontadas vêm sendo objeto de produção e debate em espaços cada vez mais amplos do Departamento.



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[I] Psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, professora do curso e sua representante junto à Clínica Psicológica do Sedes. Pelo grupo de professores do curso.





 
 
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