Vem de uma exclamação do filósofo português Agostinho da Silva (1906-1994) o dizer que Jorge Mautner recolheu para dar nome a seu novo e primoroso disco: Não há abismo em que o Brasil caiba. Vivemos hoje à sua beira?
A vertigem pode se fechar no medo ou abrir-se a voos imprevistos. Como ao se fazer de maio um mês pela educação e atravessar a cidade em coloridas multidões plurigeracionais. Como a ida em peso do Departamento de Psicanálise a FLAPPSIP em Montevidéu, aqui representada por meio das crônicas saborosas que encomendamos a Tide Setúbal, Roberta Ventura, Ludmila Frateschi e Dedé Oliveira Ribeiro. Como na insistência do projeto Escuta Sedes em seguir oferecendo uma escuta implicada para a angústia gerada pelo retorno do autoritarismo – tão claramente abordado na conversa com Conrado Hübner Mendes! -, e se fazer rede, em rede.
Da constância de nossos atos históricos dá testemunho o artigo de Ana Sigal, em torno da luta sustentada há quase vinte anos pelo movimento Articulação, a resistir à regulamentação da psicanálise. Assim como os 30 anos de Percurso, celebrados afetivamente por Flavio Ferraz. Em torno do valor de não batermos em nossa história, Paula Fonseca vai ao ponto: não nos fustigaremos a nós mesmos! Pois, acompanhados por Luciana Mannrich, também ganhamos novos corpos nas travessias do tempo que empreendemos juntos!
Trabalhos do cotidiano de nossos grupos - tais como Faces do traumático, Problemáticas alimentares, Famílias no século XXI - e de novos bem-vindos membros recheiam essa edição, que rememora 12 anos contínuos de trabalho do Boletim com o prazer de noticiar o recebimento do prêmio Jonathas Salathiel pelos colegas da parceria Nuraaj e AMMA PSIQUÊ, a partir do artigo publicado em nossa edição 47!
Seguimos inquietos, de um sábado com Rubia Delorenzo em diante. Inquietos e abertos, pra poder olhar o céu... onde agora também brilha a estrela de Kesselman.
Boas leituras!
Com abraços da
Equipe editorial
Camila Flaborea, Cristina Barczinski, Elaine Armênio, Mario Pablo Fuks,
Nayra Ganhito, Sílvia Nogueira de Carvalho e Tide Setúbal.