PRINCÍPIOS E FINALIDADES
Princípios e finalidade do Regulamento Interno do Departamento de Psicanálise Documento de fundação do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae São Paulo, 07 de dezembro de 1985 1. O Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae é concebido como um espaço no qual um grupo de psicanalistas preocupados com a produção no âmbito da Psicanálise, concordantes com os princípios fundamentais que regem a instituição Sedes, se reúnem a fim de trocar idéias que enriquecem sua formação teórica e revertem em benefício de sua prática clínica.
2. Partindo de que a formação é complexa e interminável concebemos o Departamento como um espaço no qual caibam atividades diversas que respondam aos interesses diversificados que cada um de seus membros tem na sua formação.
3. O Departamento se define como um lugar de pertinência para seus membros. A ideia é que essa pertinência não seja uma simples filiação, senão que seus membros sejam ativos e participantes.
4. A produção é o princípio fundamental em torno do qual o Departamento deve organizar-se. É através da produção constante que a Psicanálise realiza seu desenvolvimento teórico, a reflexão sobre a prática clínica, o repensar nosso lugar como psicanalistas, assim como o repensar permanente da instituição a qual pertencemos.
5. O Departamento não se propõe autorizar ninguém a ser psicanalista. É um lugar de mútuo reconhecimento. O reconhecimento vem do trabalho comum, da circulação das idéias, do intercâmbio e exposição da produção individual. O Departamento propicia um espaço que possibilita esse reconhecimento entre os colegas.
6. O Departamento não é um espaço definido por nenhuma linha teórica. Pelo contrário, um espaço no qual a convivência de teorizações diferentes evite as filiações dogmáticas. O confronto das diferenças teóricas tende a dar movimento a um espaço de constante revisão da teoria psicanalítica e de desenvolvimento dos suportes teóricos que sustentam nossa prática clínica. Falamos de desenvolvimento, partindo do pressuposto de que a Psicanálise é aberta à retificação de seus conceitos a partir de sua instrumentação na prática. Não é uma teoria cristalizada.
7. O Departamento se propõe como um espaço onde cada membro exerça suas possibilidades criativas e sua individualidade, sua singularidade como psicanalista, tentando evitar a formação em série. Deve ser uma preocupação constante que o ensino de uma técnica não seja desligada da teoria. Somente a partir do aprofundamento no campo da Psicanálise é que podemos dar conta de diferentes perguntas ou exigências sociais no campo da saúde mental, e a própria praxis nessa área deverá por sua vez enriquecer a nossa teoria.
8. O Departamento se propõe a promover e desenvolver trabalhos no campo psicanalítico, em todas as dimensões que supõe a complexidade de sua prática (teórica, metodológica, políticoinstitucional, formativa), levando em conta o contexto-históricosocial no qual esta prática inscreve. Entendemos que o contexto histórico-social sobredetermina a prática psicanalítica, e que esta pode incidir transformando o mesmo. Neste sentido, é princípio do Departamento não cair no cientificismo neutro, nem tampouco numa prática apolítica.
9. O Departamento se propõe também como um espaço de articulação da Psicanálise com outros campos do conhecimento. É princípio do Departamento, portanto, buscar ser um espaço de reflexão e troca multidisciplinar. A proposta não é criar um Centro de Ciências Humanas, senão um Departamento onde a produção psicanalítica possa contar com a contribuição de produções provenientes de outras disciplinas.
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